quarta-feira, dezembro 17

Téo


Téo surgiu há mais ou menos um minuto quando percebi que os parêntesis são até bem multiplicadores de pensamentos. Téo é feliz. Ele corre e brinca. Joga bola e sorri. Pensa no futuro como alguma coisa que o prende às coisas inconstantes. Não gosta de enxergar nada como obrigação, por isso, resolveu que seria sem futuro. È, desses que as mães olham e não vêem solução, que os tios chatos em dia de festa de família lhes ficam vislumbrado carreiras profissionais hipotéticas, mesmo sabendo que a única coisa que ele faz é andar de skate e namorar. Foi uma resolução justa e acertada, enfim. Se intitulando afuturado, ele receberia alguns parabéns se viesse a ter pelo menos um salário. Mas ele não queria saber disso não. Preferia passar o dia inteiro com Marília. Era a namorada. Uma figurinha de álbum que ninguém acha. Sabe? Ela era linda, flutuava quase todo o tempo. Grande parte do seu dia era pensando em Téo. Só pensando. Marília não cedia às insistências do namorado, não queria passar o tempo todo junto. Então Téo andava de skate. E a culpa era de Marília. Inclusive, a mãe de Téo, Cleópatra, acusava-a de não dar a devida atenção para filho dela, o que o fazia um menino desatento para as outras questões, mundanas ou não. Cleópatra. Não é à toa que Téo tinha se resolvido pelo afuturismo, com uma mãe com de nome assim. Mas dona Cleópatra era realmente injusta com Marília. Só por que era linda, ela achava que ela não fazia nada da vida, e passava horas falando que Teozinho ainda ia se arrepender de se juntar a pessoas assim. Tudo balela. Téo já havia resolvido pelo fazer nada muito antes de Marília e a mãe sabia disso. Porém, como uma boa mãe, ela tinha que colocar a culpa em alguém pelos comportamentos que o filho apresentava. Uma vez, Téo, tinha que deixar a tia Jojó na casa da vó Sueli. Isso exatamente na hora que sua competição começaria. Pois sim, inventou para a mãe um simulado deveras importante que estaria acontecendo naquele mesmo dia, na mesma hora que a vó Sueli estava esperando tia Jojó. Convenceu-a, portanto, da importância do simulado para sua vida estudantil, era a segunda vez que ele repetia o 2 º ano e ele realmente estava querendo uma mudança. Enfim, foi ao simulado, ficando a tia Jojó sem ver a vó Suely por uns dois meses. Téo ganhou o 2 º lugar no campeonato de skate. Ele acredita que os segundos lhe perseguem. O problema, é que resolveram passar a premiação na televisão. Esporte não tem incentivo, os skatistas sofrem muitas vezes preconceito, mas neste dia, eles tiveram destaque justo no único jornal que Cleópatra assistia e com direito a Marília entregando a medalha ao segundo colocado, que foi entrevistado por que havia sofrido uma grave queda em uma das provas e encontrava-se com o braço quebrado, mas já havia sido socorrido. Mas a única coisa que Cleópatra conseguiu pensar foi: ' Essa menina quebrou o braço do meu filho'. Téo ficou uum tempo mal com a família, principalmente a tia Jojó. Seu afuturismo era assim.

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