quarta-feira, junho 17

Era a última noite de Sofia naquele hotel. Não aguentava mais ficar sozinha. Ouvia pessoas jogando cartas o tempo inteiro. Sussurros. Não suportava não conviver, seus pensamentos lhe sufocavam. Faziam-na chorar.
Imagine, passar tempos com tudo e todos que você não entende e que permanecem ali mais fortemente. As lembranças reflexas, repetidas,solitárias.
Sabe? Aquelas imagens que você sabe que já conviveu, aquele sentimento que doeu no mesmo lugar, mas você não conhece nem o lugar nem o sentimento? Era isso que Sofia havia ido fazer. Tentar encontrar um e outro.
Mas só ouvia as cartas.
Ouvia, apenas.
Nos quartos ao lado.
Nos repetidos parenteses vizinhos. Que dormiam.
Era tudo pensamento avizinhado.
E Sofia acordou mais uma vez do cochilo das 7 e meia no ônibus lotado.

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